terça-feira, 25 de maio de 2010

Sobre vitórias e derrotas


Faz tempo que não escrevo, mas como já expliquei em outro momento, não escrevo por escrever, preciso ter vontade, ter serenidade, ter o que escrever com o coração e não apenas com a mente. E aí demoro....mas a escrita vem...da alma e não da mente.
Venho pensando muito sobre vitórias e derrotas, sobre o que seriam conquistas e batalhas perdidas e cada vez mais considero que não existem derrotas nem vitórias, existem apenas aquilo que precisamos viver e que as vezes as ditas perdas nos ensinam muito mais coisas do que os troféus populares.
Pasei três meses sentindo apenas a derrota, como se continuar fosse apenas garantir essa perda mais uma vez e não me dei conta do quanto aprendi com as paradas que a vida me proporciona.
Eu sempre estive acostumada a vencer...sempre...tudo em que eu me metia dava certo, fosse o que fosse. Não por sorte, mas por esforço e coragem, sempre tudo que me inseria dava certo....vestibular, faculdade,pósgraduação,concursos...viagens...seleções....estágios...
enfim...tudo sempre eu conseguia...e aí a família, os amigos e eu mesma acabava sentindo que tudo era sempre possível, o que afinal é, basta mudar o foco as vezes.Aí com uma grande mudança desejada (mais uma das vitórias) apareceu algo novo, velho na verdade, pois estava apenas escondido...o medo da derrota...um medo devastador.
Sabe pensar o que os outros vão pensar se você simplesmente não conseguir ser a primeira em tudo? Aquela cobrança interna e na verdade só sua, de que você não pode perder...e que se for achar que vai perder nem entre na luta? Pois é, esse medo mesmo...na verdade só seu, pois todas as outras pessoas já sabem o quanto você é capaz e o quanto você é feliz!
Mas o medo é seu....e se não der certo como vou me olhar? Eu sempre a primeira em tudo? Vou ter que ir até o espelho e dizer "Eu não consegui", a frase mais temida.
E ter que responder as perguntas dos outros sobre como vocÊ foi e ouvir você mesmo dizendo "Eu não consegui"....
E a partir dessa sensação eu parei. Disse ao meu subconsciente que não precisava mais de nada...que era melhor não tentar do que passar a vergonha do não conseguir...a minha vergonha e não a dos outros.
E parei.Por um bom tempo não tentei mais nada, bem que estava.
Mas aí o tempo, o universo, a vida que não pará nunca, nos dá um saculejo, pra que realmente a gente perceba que não pode tudo mesmo, que não temos controle sobre tudo realmente e que principalmente não somos um mágico imortal que faz estripulias sozinho sem contar seus segredos a ninguém. Não...a vida não pará, como diz Lenine.
E de repente você percebe que arriscar é preciso...ARRISCAR. Você pode até ter medo de perder, mas essa é uma probabilidade mesmo...e perder ou ganhar é um termo apenas humano, capitalista, que não significa o que você é ou o que ainda pode ser...são apenas palavras, quem as dá significado somos nós mesmos.
E de repente eu me meti numa grande arriscada...daquelas que eu tinha tudo pra não conseguir nada.....mas resolvi arriscar...e num momento bem tenso na minha vida...um momento de retorno, de recomeço....de ansiedade. E eu, enlouquecidamente, tive a coragem que eu simplesmente achava ter perdido, eu me expus, me comprometi comigo e não com os outros e arrisquei.....pra mim apenas e não pra ninguém.
Fui, meti as caras e deu certinho....quer dizer...na visão humana e simplista eu perdi....mas foi uma vitória totalmente inesperada e que me encheu de orgulho de mim mesma. E isso foi inovador...eu perdi, mas estou estranhamente orgulhosa disso. Fui mais longe do que imaginaria que naquele momento conseguiria, precisei de ajuda da família amada, que no fundo são os únicos que vocÊ realmente pode SEMPRE contar, sem concorrências, sem medos e sem vergonhas....Dormi tarde, chorei, tive rinite alérgica....mas fiz o que eu podia, de melhor, naquele momento....e me orgulho demais disso....demais...foi uma vitória melhor que qualquer primeiro lugar que tirei nessa vida.
Voltei pra casa com mais gana, mais certeza do que ainda posso ser e fazer, mais vontade, mais coragem....tudo devido a uma "derrota", e bem derrotada.....hehehehehehe...
Com isso eu aprendi que ter medo é normal, que a derrota é humano e não divino...e como não me considero uma deusa posso dizer tranquilo "Eu não consegui" E VOLTAR PRA CASA SEM RESSENTIMENTOS COMIGO MESMA E SEM DECEPCIONAR MAIS A MIM.
E o melhor de tudo, posso pedir ajuda sem nenhum tipo de vergonha....basta saber as pessoas certas....e a família é sempre a melhor escolha.
Aprendi que as derrotas podem ensinar muito mais que dez primeiros lugares....e falo isso sem nenhum tipo de dor de cotovelo de "derrotado", mas sim de alguém que descobriu simplesmente ser vitoriosa....sempre...sem importar o resultado ou a nota final, ou a colocação que vocÊ tira naquele concurso. Nem sempre números são sensíveis ao ponto de dizer o quanto você realmente cresceu e aprendeu com o que passou....na verdade quase nunca são...
"Ser capitão desse mundo, poder rodar sem fronteiras, viver um ano em segundos, não achar sonhos besteiras....", já diz Maria Gadu inteligentemente....Comandar o seu mundo é simplesmente arriscar a cada dia, ter medo sim, controlado, saber que não se é invencível, mas se pode sempre vencer com qualquer resultados na vida....basta mudar o foco....e nunca em nenhum momento achar sonhos besteiras.
Eu aprendi e ainda estou aprendendo a perder....com glamour...heheheh....com elegÂncia e principalmente com felicidade. Porque sucesso não é ganhar sempre.
Sucesso é fazer das derrotas estímulos vitoriosos para ir em frente.
Com carinho

Sofia