sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Sobre 50 tons de preconceito

Bom, vamos lá para mais uma opinião....eu disse que andava muito afim de escrever sobre várias coisas. E hoje, depois de mais de um ano pensando e refletindo sobre algumas coisas, posso retomar uma discussão que tive, um debate, sobre o livro "50 Tons de Cinza" da autora E.L.James. O livro na verdade é uma trilogia que conta a história de uma jovem Anastasia Steele, estudante de literatura, e do também jovem, mas extremamente rico, Christian Grey, misterioso e com uma história de vida mais complicada impossível.
Mas aí vc se pergunta: cargas do que essa mulher vai falar desse livro? Simples, porque com a experiência difícil de ler esta trilogia eu descobri o quanto ainda sou ignorante e preconceituosa com alguns aspectos. E saber disso, que sou preconceituosa, seja no que for, me incomoda por demais.
Mas vamos do início. Há um ano e meio, no "bum" dos comentários do livro eu entrei em uma livraria determinada a comprar, peguei o primeiro exemplar intitulado "50 Tons de Cinza", e como faço com todos os livros que vou ler, abro ele numa página qualquer e vejo se possivelmente irá me interessar. E, na ocasião eu abri na página de um contrato bastante diferente de relacionamento (que não vou contar qual é para que vcs possam ficar curiosos). Li uma parte, sem entender nem contextualizar, achei um absurdo, fiz beiço e fui pras redes sociais criticar de língua afiada que nenhuma mulher poderia sequer ler e gostar daquilo, que era uma afronta ao feminino e que, como mulher, me negava a compartilhar desta ideia.
Uma aluna, querida e inteligente, na época me chamou a atenção sobre eu estar criticando algo que não tinha lido e que com certeza não estava entendendo, enquanto uma prima me disse para deixar de ter preconceito literário e ler, depois comentar. Na época fiquei impressionada de duas mulheres inteligentes me dizerem isso e, mesmo assim, não li. Fiz birra.
Passados mais de um ano e meio, visito uma amiga, outra mulher poderosa e forte, e vejo na estante dela a trilogia completa e pergunto: "Não acredito que tu tens e leu isso!", e ela, na sua total inteligência e amizade me pega pela mãe e diz: "Amiga, leia, não tenha preconceito, seja ele de que tipo for. É apenas uma história e talvez muito diferente do que imaginas." E, como veio desse poder de mulher, resolvi encarar. Baixei o primeiro livro na internet e numa noite de chuva em casa comecei a ler...e surpreendentemente não consegui parar de ler. Pois é...fui absorvida pelos 50 tons e por toda curiosidade que me tomou de saber mais sobre diversas coisas que o livro me apresentou.
E não é que não era nada do que eu imaginava? Eu, uma feminista assumida, que me considero seriamente uma lutadora pelos direitos das mulheres e pela conquista de espaço das mesmas na sociedade, simplesmente abri a minha mente e me dei conta que tem muita coisa que não sei e que não entendo. E para aprender, é preciso ser humilde o bastante para admitir que não sabemos e que erramos.
Simplesmente devorei o primeiro, devorei o segundo "50 Tons Mais Escuros" e o terceiro "50 Tons de Liberdade". A história me envolveu mais do que eu imaginava e não, não foi apenas pelas questões sexuais ocorridas na mesma, mas por todo restante que envolve os personagens. Não se trata somente de um romance, mas uma história que nos faz pensar sobre como enxergamos a nossa sexualidade, principalmente nós mulheres, o que ainda nos é tolido, nos ensinado como errado e feio, nos ameaçado como vulgar. Não se trata somente de um romance, mas de uma história que fala sobre a fragilidade, o abandono, os traumas infantis e a redenção de um relacionamento parcial até uma entrega total. E sim, a sexualidade que invade todo o livro nos remete a pensar em como somos incrivelmente ignorantes com o que não conhecemos.
Aí, como boa curiosa que sou, comecei a procurar entrevistas, críticas, comentários sobre o livro nas redes sociais e na internet como um todo. E fico abalada com muito, mas muito PRECONCEITO. Nas redes sociais leio diversas vezes os seguintes comentários quando alguma mulher posta que leu o livro ou que está ansiosa pela adaptação para o cinema:
"Você deve não ser comida a muito tempo", "Deve ter faltado laço para essas mulheres que gostam de 50 tons", "São tudo umas vadias!", "Vagabundas mal comidas!", " "Essa mulherada é tudo vagabunda, gostam de um pornô mesmo!". Pois é, não estou inventando nenhuma frase, todas retirei de sites, blogs, You tube, redes sociais...enfim....alguns inclusive de mulheres, como eu e você que lê agora. Fiquei impressionada com os comentários maldosos e preconceituosos. Inclusive vi um vídeo de Danilo Gentili, apresentador de tv, por sinal que vem decaindo demais sua qualidade, falando que as fãs de 50 tons não entenderam o livro ou "eram mal comidas" há muito tempo. Que isso gente....por favor.
Quer dizer que mulheres que gostam de sexo são vagabundas? Quer dizer que mulheres "direitas" não devem ler este tipo de livro? É isso mesmo? Mulheres "pra casar" não devem gostar de nenhum Christian Grey e muito menos de nada que envolva sexualidade. Em pleno 2014, pois é esse o pensamento que temos ainda.
Aí resolvi perguntar pra algumas amigas se elas tinham lido o livro, um ou todos, e pra minha surpresa maior a grande maioria tinha lido, mas não comentava com ninguém por vergonha ou medo de ser criticada por ler. Exatamente. Nós mulheres, poderosas, independentes, livres, em pleno 2014, não dizemos que lemos um livro que, em sua essência não é apenas sobre sexo, mas que sim tem muita coisa legal (isso, eu disse LEGAL) sobre sexo também, porque seremos julgadas. E julgadas a maioria das vezes por outras mulheres. Fiquei muito preocupada com isso.
Quanto ainda somos julgadas? Quanto ainda somos dominadas? Quanto ainda somos tolidas? Se isso acontece com um livro, com a leitura de um simples livro, o que será que ainda acontece com todo resto que envolve a sexualidade das mulheres, seus desejos, suas fantasias, sua forma de ser e pensar.
Aí resolvi me libertar. EU LI SIM OS TRÊS LIVROS. Adorei. Fiquei cheia de curiosidade e ideias. Não vi nada antifeminino ali. Vi uma mulher e um homem se descobrindo através da parceria e sim, também através do sexo, do que gostavam, do que os dois queriam, do que lhes dava prazer. Não havia submissão, não havia dominação. Havia carência, abandono, amor e muito sexo bem feito por duas pessoas que se queriam de todas as formas. Pronto falei. E como eles faziam tudo isso não importa, afinal os dois queriam e se beneficiavam. Pronto, simples assim.
E quem sabe a gente julga menos os outros, ou quem sabe nem julga? Quem sabe a gente respeita a sexualidade alheia. E, quem sabe, a gente começa não tendo preconceito nenhum sobre nada, nem sobre o que o outro faz ou até sobre o que o outro está lendo. Fiquei realmente mais afrontada com o que ouvi sobre o livro e li nas redes sociais, do que com o conteúdo delicioso dele, isso mesmo DELICIOSO.
Talvez o que tenha chamado tanto a atenção das mulheres nesses livros é justamente a liberdade sexual contida nele, coisa que ainda, no mundo real, não conseguimos. No mundo real não podemos ser Anastásia e aceitar o que realmente desejamos, porque senão, conforme tudo que li, seremos vistas como "vagabundas" né?
Pois é, esse é o país da liberdade, o país sem preconceito, o país onde tudo pode e tudo é respeitado. Só que não né. País hipócrita onde homens babam pelas mulheres nuas no carnaval e assistem programas como Pânico na Tv também babando pelas bundas das panicats, mas se mulheres gostam de ler "50 Tons de Cinza" são vagabundas mal comidas.
Pois bem....continuemos lendo livros, nos reportando a mundos imaginários, esperando que um dia possamos encontrar homens que simplesmente entendam nossos desejos sexuais e topem ser parceiros na vida como um todo....Ah como em 2014 ainda podemos estar tão na idade média ainda....tão na época da escuridão....Como em 2014 o sexo ainda é um tabu tão grande, principalmente para as mulheres?
Fica a campanha. Leiam o que quiserem e não escondam que leram!
Vivam o que quiserem e não se escondem. leiam, tenham idéias, usem e abusem e sejam felizes!
E abaixo o trailer do filme....para quem não leu ficar com vontade...
Trailer 50 tons

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Robin Williams, Fausto Fanti e a crença de que temos tudo

Bom....lá vou eu, quase dois anos após minha última postagem...uma blogueira que não "bloga". Essa talvez seria minha definição. E eu respondo...tô nem aí....escrevo quando algo me conduz internamente para isso e essa semana isso ocorreu, por diversos assuntos, mas escolho esse para retomar minhas reflexões. Escolho a morte do ator Robin Williams e do comediante Fausto Fanti, ambos homens brilhantes e suicidas. Ambos homens que sofreram de uma doença grave, mas que, não é ainda vista dessa forma pela sociedade como um todo. É a eterna doença de quem não tem o que fazer, a doença de quem precisa de trabalho pra se curar, a doença inexplicável de quem tem tudo e não dá valor a nada, a eterna síndrome de quem não tem um tanque de roupa para lavar....enfim....a única doença grave do mundo totalmente banalizada. E eu não consigo entender isso....Talvez eu não consiga entender porque já sofri com ela e digo verdadeiramente que que ninguém que nunca tenha passado por ela conseguirá entender o quanto ela é devastadora.
Eu lhe pergunto: se seu pai tiver câncer de próstata, doença grave que pode levar a morte, o que você irá fazer? Dizer para ela que deve trabalhar mais, ocupar a cabeça, parar de pensar bobagem, olhar para tudo que tem, agradecer e pronto...ele estará curado! Ou você procurará uma bom oncologista, iniciará todos os tratamentos possíveis e, assim lutará pela sua vida com qualidade? Para alguém com câncer você indicaria trabalhar mais para ocupar a cabeça e tirar as bobagens dela? Para um diabético você negaria a insulina e indicaria um tanque de roupa para lavar? Para um hipertenso grave, vc esperaria um colapso cardíaco enquanto mostra a ele tudo que ele tem e deve ser agradecido, ou procuraria um bom cardiologista e iniciaria um tratamento adequado para que o colapso cardíaco fosse evitado?
Pois bem. Com a depressão é a mesma coisa, idêntico! É uma doença GRAVE que sem tratamento adequado leva a MORTE. Simples assim. Como o câncer. Como a hipertensão e como uma crise hiperglicêmica. E como doença grave, possui tratamento adequado e acompanhamento eficiente que promove qualidade de vida e melhora considerável.
Assim foi comigo. Assim poderia ter sido com estes brilhantes homens que nos deixaram esta semana. Estes nós conhecemos né? Mas e todos os que estão por aí, familiares, amigos, colegas de trabalho? Talvez sofrendo em silêncio por que você, um total ignorante no assunto, não consegue aprender e compreender que, se você não entende de algo, melhor ficar calado. Acredite, dizer que temos tudo e que nosso sofrimento não é válido não ajuda em nada. Dizer que temos tudo e que precisamos valorizar mais o que temos não irá equilibrar meus neurotransmissores para que eu possa enxergar alguma luz no fim do túnel (ou do buraco) em que me encontro. Dizer que o que me falta é trabalho não conseguirá me trazer de volta a coragem e a vontade de viver que me faltam quando em depressão.
Já fazem 4 anos que eu me trato. Já fazem 4 anos da última vez. Já fazem 4 anos que eu luto, sem ter mais vergonha e sem me esconder, controlando uma doença que, por ser crônica, precisa cuidados contínuos. Foi difícil. É difícil. Todos estamos sempre atentos, assim como um hipertenso que precisa sempre ficar de olho em sua pressão ou um diabético que precisar controlar sua glicose. Eu sempre estou ligada no que me incomoda e, por meio da doença, me descubro incrivelmente a todo dia. Estou estável, assim como Robin, o eterno Patch Adamns, poderia estar. Se não tivesse que se esconder e sofrer em silêncio.
Mais uma vez eu faço o pedido: olhem mais nos olhos de quem vive com você. Olhem profundamente. Estudem. Compreendam.  Leiam. Informem-se. Parem de julgar, parem de achar que sabem das coisas, isso também é uma doença grave: a ignorância e, com certeza, pode levar a morte, tanto física quanto espiritual.
Deixo aqui uma informação: A OMS contabiliza cerca de 350 milhões de pessoas que sofrem depressão em todo mundo e afirma que 90% dos suicídios poderiam ser evitados com cuidado adequado (http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs369/en/).
Pois bem, com certeza tem alguém do seu lado sofrendo...e você acabou de dizer a ela que ela tem tudo que precisa e que possivelmente está com a cabeça muito vazia e precisando trabalhar mais. Pois bem, você acabou de influenciar um suicídio...E eu não estou sendo severa demais, estou apenas sendo verdadeira.
Fica a dica, ok?

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Somos incrivelmente previsíveis #só que não

Bha, hoje eu nem me acordei com vontade de escrever, eu dormi com vontade de escrever e simplesmente acordei com tudo na cabeça, ali borbulhando....isso apenas porque acabei descobrindo algo meio óbvio: sou extremamente contraditória. E não um pouco contraditória não...sou muito contraditória...mas acabei refletindo o quanto isso é o que há de verdadeiro em mim e talvez em você também. E eu descobri isso simplesmente pela minha forma contraditória de ser, de agir e de viver. Não pense mal de mim, não sou daquelas que muda de idéia ou que não sabe o que deseja, apenas tenho lados distintos que em muitos momentos de minha vida se batem sem se aniquilarem, mas incrivelmente se complementam. E essas descobertas eu venho fazendo todos os dias, me surpreendendo e verdadeiramente sendo quem sou sem ressentimentos. E talvez nesses encontros pessoais e individuais que compartilho hoje você encontre um pouco do que há em você mesmo durante a leitura. 
Eu sou do tipo estranho que na sua biblioteca particular tem guardado com super carinho a biografia completa de Che Guevara e bem do ladinho dela está toda Saga Crepúsculo. Mais ao lado o Livro dos Espíritos e o Evangelho Segundo o Espiritismo, logo abaixo da Bíblia Sagrada Católica que fica acima da minha belezura que é o Harry Potter, o qual se apoia nos livros de Leonardo Boff, Jane Austen e Michel Foucault. Se contar que nesse meio todo ainda estão Rotinas em Obstetrícia e minha relíquia de livros sobre amamentação, obstetrícia e ginecologia. Uma mistureba que mostra a minha total contradição....só que não. 
Sou daqueles tipos contraditórios que adora documentários interessantes, ama filmes com mensagens de luta, força e fé, mas nunca esqueceu as sensações ao assistir filmes como Amor além da vida, Comer Rezar Amar e o Sorriso de Monalisa. Adoro filmes sérios e que contam histórias reais como Diários de Motocicleta e Cazuza, ah queridos....mas nada em minha vida me fez correr tanto para ir ao cinema do que Amanhecer parte 2.
Eu sou de uma forma incrivelmente estranha que prefere ver filmes que já assistiu a ter que ver um novo...Cartas para Julieta, Comer Rezar Amar, Os vingadores, Crepúsculo e Orgulho e Preconceito talvez tenham batido todos os recordes de bilheteria na minha casa. Contraditório? Não...meu geito só que não de ser. 
E se eu for falar de televisão fica mais contraditório ainda. Não aceito de geito nenhum programas como O Pânico na TV, Zorra Total, Faustão, Fantástico e tantos outros que sinto afrontarem totalmente meu cérebro, me idiotizarem, me sinto ofendida. Mas aí todo janeiro acompanho fervorosamente o Big Brother Brasil e torço de verdade...pode isso? Fora que adoro todas as lutas do UFC....eu simplesmente enlouqueço e vibro em cada uma delas, enquanto meu marido pergunta como posso gostar tanto daquilo. Não...isso não pode...ou será que pode sim?
E música...eu amo Maria Rita, Gilberto Gil, Legião, Cássia Eller, Cazuza, Raul Seixas, Lenine, Zeca Baleiro e Oswaldo Montenegro...cada canção uma poesia. Mas basta tocar "Ai se eu te pego" meu bem que eu já saio pulando....Os shows que eu fui? Nenhum destes...apenas Sandy e Junior (duas vezes por sinal), Roberto Carlos (duas tb) e agora babem...Aviões do Forró (esse porque ganhei...hehehehe)...E ainda me maltrato até hoje de não ter ido na Paula Fernandes e Vitor e Leo...Maria Rita linda que é linda mesmo veio na minha cidade e achei caro demais...e nem era pra falar a verdade....eheheeheheh. Ai sou um poço eterno de contradições...ridículas as vezes até.
Sou daquelas professoras esquisitas que tentam fazer tudo novo, mas as vezes acaba caindo no velho e tradicional. Daquelas que acedita que a chamada nem sempre determina a presença do aluno, que a nota quase sempre não revela o potencial de alguém e que aprender deveria ir além, deveria compartilhar lutas...e de repente acabo fazendo as mesmas questões de prova que meus próprios professores faziam e eu questionava. Contradição que as vezes me faz sofrer. Não pode isso.
Ai e o discurso então...aquele discurso certinho do que pode e não pode...coma isso, não beba aquilo, pratique exercicios toda semana, tenha boa postura no computador...bla bla bla...e ai eu me entupo de chocolate, adoro uma cervejinha, pago um plano semestral de academia que não frequento há dois meses e neste momento estou toda torta escrevendo essa postagem. Isso me incomoda um pouco # só que não também.
Eu sou daquelas esquisitas que possui um cachorro que é gente, um aquário no qual nunca sobreviveu um peixinho por mais de uma semana e dona de uma casa cheia de plantas que eu amo, mas esqueço de regar. 
Sou das pessoas que briga pelo que acredita, mas que odeia briga, mas depois que entra em uma sai da frente (escorpião né...). Daquelas pessoinhas estranhas que realmente fala o que pensa, que não esconde o que sente, que defende o que acredita e o que acha certo, mas depois fica com um medo das consequencias para si mesmo das coisas que falou e fez. Daquelas super calmas, da paz...mas que quando explode é um vulcão. E em muitos momentos sem volta. Eu já fui parar na delegacia defendendo um cachorro, na direção de um hospital quatro vezes, sendo que trabalhei lá cinco meses, lutando pelo que achava certo e justo e na contramão de opiniões desenfreadas de pessoas ignorantes.
Sou a pessoinha incrivelmente feliz que sofreu demais com depressão. A que sempre qi morar sozinha, ter vida independente e ser mulher moderna...e descobriu pelos caminhos da vida que morar só é um saco, ser independente não significa ser solitário e ser moderna é apenas uma atitude e não uma sensação de solidão.
A pessoa contraditória que acredita em DEUS, coordenou encontros de jovens católicos, hoje frequenta sessões espíritas, entra no mar pedindo benção para Iemanjá, tentou meditar várias vezes sem sucesso e acredita que o amor realmente vai além da vida. 
A doutoranda estranha que não acredita em muitas coisas que vivencia na sua vida de pós-graduanda e que ainda não entendeu bem pra que realmente servirá o título de doutora na sua vida, além apenas da questão financeira. A mulher incrivelmente contraditória que sempre sonhou fazer doutorado e hoje não vê mais nenhum sentido real disso na sua vida. Nada que faça uma diferença real no mundo aqui fora, pras pessoas aqui fora e pra verdade que reside em mim....aquela que enfrentou toda uma seleção e hoje se dá conta que, bom, irá até o fim....mas que o sentido já se perdeu no meio do caminho.
A mulher de dieta que incrivelmente nunca recusa um convite que envolva comida.
Aquela que não suporta diferenças de classe e que luta contra o consumismo desenfrado dessa vida louca que vivenciamos. Entetanto, não consegue entrar numa loja de sapatos e sair de mãos vazias, cujo lema é "para uma mulher sapatos nunca são demais". A pessoa intensa que não consegue entender tanta diferença nesse mundo, mas ao mesmo tempo sonha em ser uma Carrie Bradshaw de Sexy and the City. A que tem no tênis e na sapatilha sua forma de viver, mas que, na boa....ama um brilho.
Bom, a contradição, como vcs puderam perceber faz parte de mim. E antes ela me incomodava, como se eu precisasse escolher um lado para defnir quem eu sou. Ou eu ou eu?
Ou eu sou Guevarista e monto em uma motocicleta lutando pelo mundo ou eu sou a Carry e seu imenso closet cheio de sapatos Jimmy Choo e bolsas Louis Vuitton.
Ou eu leio Crepúsculo e Harry Potter ou estudo Microfísica do Poder de Foucault. 
Ou eu encaro o regime e nunca mais coloco uma trufa na boca, ou eu largo de mão e me jogo nas batatinhas fritas do Burguer King.
Ou eu acredito em vida após a morte ou creio que somente Jesus voltando podemos nos reencontrar com quem já se foi. Ou eu nado sem pedir permissão pra Iemanjá ou eu paro de ler o horóscopo todo domingo na ZH. 
Ou eu ouço Maria Rita e Gilberto Gil e esqueço de vez o pagode, ou caio no samba de uma vez e assumo que nada mais divertido do que um bom axé de Ivete Sangalo. 
Ou assisto os documentários do Discovery ou assumo que assistir os programas de moda do Home e Health são o que há delicioso para se conquistar o glamour....
Ah...quer saber...não quero ser pela metade...tudo isso sou eu por completo...ser essa metamorfose ambulante como dizia Raul e o turbilhão de sensações como Paula Fernandes canta...essa sou toda eu...e sempre fui assim...a escorpiana cristã que usa tênis e ama roupa de oncinha. A fresca mais forte e corajosa que eu mesma já conheci. A enfermeira professora que não gosta de nada que lembre coisas nojentas, mas que na hora do vamos ver arraza...sem falsas modéstias, afinal ser modesta e me sentir tb fazem parte das minhas metades contraditórias. 
E se alguém quiser me julgar, dane-se. Eu me encontrei assim, deixei do "ou isto ou aquilo" e assumi que na minha maior verdade eu sou mesmo uma maluca beleza com seus momentos de diva. E isso me torna contraditória sim, mas até um pouco mais divertida. 
Você me verá por aí em passeatas, postando coisas relevantes para a sociedade, mas tb me verá por aí paseando com meu poddle na cestinha da minha bicicleta rosa. 
E assim, sem receio do julgamento contraditório e preconceituoso alheio eu me mantenho sendo quem eu sou...as vezes Che, as vezes Carry e sempre, em todos os momentos...Única.

Sofia



Seja feliz do jeito que você é, não mude sua rotina pelo o que os outros exigem de você simplesmente viva de acordo com o seu modo de viver...
(Bob Marley)




sábado, 8 de setembro de 2012

Quanto vale o seu viver?

Eu não me importo nem um pouco de ficar meses sem escrever, na verdade nem um pouco mesmo. Acho que ter esse espaço meu e somente meu me dá a oportunidade de escolher em que determinado momento irei utilizar este caderno de anotações para algo que me mova, assim como diZ o subtítulo. Pra escrever de tudo um pouco, coisas pequenas e sem tanta profundidade eu uso outros meios de comunicação. Agora esse aqui é especial demais pra utilizar para qualquer comentário ou crítica. Tudo que escrevo aqui tem tanto haver com meu momento, minha alma ou vivências altamente pessoais, muitas vezes também coletivas.
E hoje, depois de meses, deu uma vontade de escrever sobre coisas que me questiono cotidianamente. E nesses últimos dias venho me perguntando o que na vida vale mais, o que pode nos mover com maior velocidade, o que pra você significa felicidade? E venho me perguntando porque tenho visto tanta gente sofrer por coisas que para mim não valem absolutamente nada em matéria de alma e coração.
Quanto você está disposto a pagar pela sua liberdade de expressão?
Por quem você desistiria de si e de sua família? Valeria isso realmente a pena?
Amar significa anular-se?
Viver uma vida de aparências, seja ela real ou fictícia postada no facebook, realmente vale a pena?
Ai eu me pergunto várias vezes o que pode nos trazer felicidade, momentos de deleite nessa vida.
Pra mim as respostas são simples: família, amor, família, amor, família, amor....
Pela minha liberdade de expressão, mesmo sofrendo, eu não pago nada, apenas luto por ela, incansavelmente...as vezes encontrando outros guerrilheiros fiéis e sonhadores pelo caminho. Expressar-se e poder dizer o que penso, sem a premissa de falar o que se quer sem pensar nas consequencias e sem amor ao próximo, defender o que acho correto e lutar por mais justiça e igualdade realmente me proporciona uma felicidade muito maior que o sofrimento das pedras pelo percurso.
Por ninguém, absolutamente ninguém, nem nada ou coisa alguma, me fariam desistir ou magoar a minha família, bem mais precioso que tenho nessa vida. Ninguém nesse mundo pode valer mais do que eles. E no final das contas, depois de muitas pessoas que passaram na sua vida, quem fica mesmo em todos os momentos, sem interesse nenhum são apenas eles.
Verdadeiramente amar não exige anulação. Amar é um sentimento tão profundo que não há palavras para dizer o que ele é, apenas o que eu tenho certeza que nunca será. Aquele que lhe ama sente isso pelo que você é...tenha você chulé, tenha ou não casa, carro ou outros bens, faça bolo certo ou errado, vista-se pela manhã sempre com a camiseta virada por causa do sono, durma mais do que a cama...enfim...não importa...se a pessoa lhe ama ela jamais vai querer mudar você, afinal ela ama quem você é e não quem ela produziu a partir de sua matriz.
Viver de aparências, reais ou virtuais, é pura ilusão. A gente sente uma obrigação de mostrar a todos tudo que temos e fazemos, nas páginas sociais fazemos questão de postarmos fotos de nossos sorrisos, nossas compras, nossos sucessos...apenas eles...e as pessoas nunca conhecem o que e quem realmente somos. Ai de você s enão postar fotos lindas, sorridentes ou fazendo biquinho...logicamente vc está deprimidérrimo e ninguém, absolutamente ninguém, quer compartilhar isso com você. Ninguém irá curtir você. E, nesse instante, a ditadura da aparência e da felicidade facebookiana toma conta de toda a sociedade. Ninguém quer ler sobre política. Ninguém quer saber de greve e por favor nunca, absolutamente nunca, poste tristezas ou denúncias...vc tem grandes chances de ser eliminado desse grande BBB da vida real...será real mesma?
Sei lá...ando tão cansada de tantas coisas. Pra que tanto título, tanta leitura, tantas teorias, tantas pesquisas, tantas teses....continuamos primatas, homens das cavernas em tantas coisas. Pesquisamos tanto, sabemos tudo que pode destruir o planeta, mas continumos jogando o papel de bala no chão. Descobrimos novas drogas incríveis para curarmos viciados em drogas ultrapassadas. Brigamos com a família e amigos por motivos tão ridiculos que as vezes nem nós mesmos sabemos o que realmente aconteceu.
Pra que tanta perda de um tempo tão precioso? Pra que tanta buzina nas ruas? Pra que tanto barulho? Porque tanto fone de ouvido? O que não queremos ouvir do outro?
Eu não tenho respostas nem pra mim, quanto mais para você que me lê.
Eu apenas desejo sinceramente que após ler este artigo simples que escrevo nessa noite fria do SUL do País, eu e você possamos fazer diferente. Possamos ser felizes sem desejar nada de ninguém, sem esperarmos nada de ninguém, mas doando tudo de amor e paz que possamos compartilhar.
Um grande abraço
SOFIA

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Chegadas e Partidas

Começo hoje com uma letra íncrivel da música Encontro e Despedidas da eterna Elis Regina:

"Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir

São só dois lados
Da mesma viagem..
.
"

E não é que é mesmo...a gente chega em um determinado momento, assutado com o novo, com o desconhecido e, daqui a algum tempo, está se despedindo...com saudades de quem fica no local da partida.
Há quatro anos atrás eu cheguei em um local totalmente estranho...grande, enorme na verdade, com milhares de gente desconhecidas, com andares, corredores, cores e olhares totalmente indiferentes a mim. E cheguei com medo. E apesar deo lugar ter sido muito desejado ele acabou virando assustador, desafiador demais pra mim e eu permiti que este medo me dominasse e me fizesse querer sair correndo dali imediatamente. O sonho havia se transformado em pesadelo? Ou pelo medo eu havia modificado o modo de sonhar?
E por um breve instante eu desisti...quis partir logo após a chegada, sem nem ao menos me dar chance de olhar mais de perto e de finalmente poder me apresentar como sou e conhecer quem os outros eram.
Incrivelmente, nesse momento, as pessoas deste lugar "assustador" acreditavam em mim muitomais do que eu mesma. Essas incríveis desconhecidas colocavam fé em mim como eu mesma nunca havia me colocado. E essas pessoas me mostraram que valia a pena continuar, que elas queriam se tornar mais que conhecidas, quem sabe amigas e que eu precisava dar essa chance ao local, à elas e a mim mesma.
E eu resolvi chegar novamente, "pedi um abraço e venha me apertar que tô chegando!...melhor ainda é voltar quando quero..."
Me proporcionei uma nova oportunidade e conheci gente maravilhosa, gente que veio pra ficar, gente que me apoiou e me fez acreditar em mim novamente. E eu descobri que ainda tinha muito potencial dentro da minha alma que eu ainda desconhecia.
E tantas foram as mudanças a partir deste reencontro que hoje, depois de tudo, eu realmente escolhi partir...Não pelos mesmos motivos, pelo contrário...eu escolhi partir sem medos, sem derrotas e sem pré-conceitos. Eu parto com a certeza que ficar foi a melhor coisa a se fazer...que a mulher que sai hoje é bem diferente da menina que chegou ontem e que com todas as pessoas que convivi eu aprendi principalmente a ter coragem!
Obrigada Unidade de Internação Obstétrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre...Com vocês aprendi tanto que nem há espaço em qualquer blog para citar tudo...o importante é que hoje tudo que aprendi irei compartilhar e dessa experiência pretendo contribuir ainda mais pela saúde desse país ainda tãodoente.
Amo a todos vocês...sem excessões...sem ressalvas...sem conceitos...cada um, com seu modo acolhedor e íncrivel me fez acreditar que Chegar e Partir é sempre possível...principalmente quando no meio desse trajeto a gente encontra espirítos de luz e amigos de fé.

E vamo que vamo..chegar em outro lugar...partir sem ter planos...afinal são apenas dois lados da mesma viagem...como diria Elis.

Beijos

Sofia

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Para sempre...

A coisa mais difícil dessa vida é perder um amigo...um irmão.
Talvez você não me entenda, ou não compreenda, ou até mesmo seja insensível ao ponto de não perceber que perder um amigo fiel, companheiro e de um amor incondicional, é uma das coisas mais difícceis que se pode passar.
Eu tinha (e ainda tenho) uma amiga assim, 15 anos de amizade inesquecivel e insuperável. Os 15 anos de um amor incondicional, sempre presente nas alegrias e nas tristezas e sempre pronto pra ficar junto nos momentos difíceis.
Ela esteve presente comigo nas minhas primeiras aventuras, viu o meu primeiro amor, roubava balas dos bolsos dele por sinal, comemorou a formatura de nossa mãe e a nossa aprovação no vestibular (minha e do nosso pai). Esteve presente nos trabalhos da faculdade, as vezes ficando até altas horas comigo me dando força no computador. Estava lá nos agradecimentos da minha formatura e do meu mestrado. Sentimos falta uma da outra quando sai de casa...e quando eu chegava a sua festa e alegria pela chegada era especial.
Amava biscoitos, chocolate, frutas, bolachinha recheada, iogurte e todas as besteiras boas dessa vida. Tomava chimarrão com meu pai todas as manhas e fazia companhia a minha mãe nos momentos de televisão na sala. Ela estava sempre lá.
E quando casei...ela viu e cheirou o meu vestido...como que aprovando a beleza contida nele...e comeu o bolo de casamento...aprovando sem dúvida nenhuma.
Passeios na praia, colo e dormir junto na cama, brigas com meu cachorro, amiga das queridas Lili e Kity, fiel e forte até o último minuto.
Mas seres com tão alto grau de iluminação não permanecem só na terra...eles precisam iluminar também o céu. E hoje, com certeza a noite será bem mais estrelada. 
NALA...eu agradeço a sua amizade, a sua parceria, o seu carinho, o seu amor incondicionável, a sua saudade, a sua força, o exemplo de guerreira, a magia do seu nariz sempre molhadinho, o andar desageitado de gordinha, o olho grande em cima de tudo que fosse gostoso de comer e a sua fé na vida.
OBRIGADA QUERIDA! VOCÊ É E SEMPRE SERÁ INESQUECÍVEL NA MINHA VIDA!

sábado, 5 de novembro de 2011

O renascimento do parto

Venho hoje compartilhar com vocês um link de divulgação do filme "O renascimento do parto", um documentário com cara de sucesso até para os mais medrosos em relação ao parto, como eu...hehehehehe....uma eterna paixonada pela área e uma medrosa de carteirinha....A estréia está prevista para março de 2012 e eu convido a todos para assistirem!
Beijos Grande

Trailer:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=3B33_hNha_8#!