sábado, 10 de setembro de 2011


Hoje acordei meio estranha, um misto de desilusão, desanimo, cansaço e tristeza. Talvez um pingo de nostalgia, saudades de um tempo que já passou. E pra ajudar, levantei da cama, um dia incrivelmente lindo neste inverno cansativo e longo demais, fiquei de pijama, comi o restinho da polenta de ontem e resolvi assistir filme. Temos vários aqui em casa, mas eu escolhi um em especial: "Comer, Rezar, Amar". Como era totalmente previsivel acabei ouvindo as longas palavras da autora sobre a importância de enfrentar com fé e coragem as coisas e saber que nem sempre tudo é quando se deseja, mas quando tem que ser. Acabei chorando...vendo Julia Roberts levar aquele homem lindo, naquele lugar lindo, pra passear e vencendo seus medos realmente, para quem não está bem, não é uma boa escolha cinematográfica.
Fiquei pensando no quanto seria bom ter dinheiro e sair pelo mundo....Roma, India, Bali, Paris...onde se quisesse....e no final da viagem sempre um encontro com o "final feliz". E o quanto eu gostaria de ter a coragem de poder fazer isso. E dinheiro também...
Afinal imaginar uma liberdade total de comer massa e pizza sem culpa e depois comprar uma calça jeans maior e mesmo assim sentir-se bem é um privilégio difícil de se compartilhar entre mulheres. Entender que se concentrar em algo, esvaziar a mente das preocupações e simplesmente deixar acontecer, é uma forma simples de ser feliz, também é difícil. E poder entender que se desiquilibrar por amor é uma forma de equilibrar a vida é um conceito gostoso de pensar.
Talvez eu também posso fazer isso, não em Roma, India ou Bali...mas aqui, na esquina de casa mesmo.
Depois do filme e das lágrimas meu telefone tocou e uma voz especialmente amiga me convidou pra sair do pijama, pegar o cachoro e ir curtir o parque na esquina da minha casa e o sol que lá estava. No início resisti, mas que adiantava ficar em casa pensando que poderia ser como a "Lis" do filme , mas ao mesma tempo não agir como eu mesma.
Levantei, troquei de roupa, peguei o chimarrão e o cusco e fomos pro sol...e lá, no meio da conversa eu ouvi algo que simplesmente me tocou: "Não te importa com todas essas coisas difíceis da vida. Lembra que tu tem tua casa amada, tua familia que te ama, um marido que te ama, um cachorro que te ama, amigos que te amam...e esse é o teu final feliz."
Acabei chorando com a frase, emocionada e me dando conta de quantos finais felizes já tive na minha vida...e jamais precisei ir longe para viver cada um deles.
E quantas vezes vc já viveu um final feliz sem se dar conta?
Ah....eu me lembrei de vários...
Minha primeira boneca Barbie, uma viajem aos dez anos com meus pais, tocar em uma banda da escola, a festa dos meus 15 anos, meu time campeão da américa,meu primeiro amor, meu primeiro beijo, quando passei no vestibular, quando conheci meu marido, minha formatura, quando fui chamada num concurso, quando casei e nossa incrivel viajem de lua de mel, quando ganhei meu cachorro, quando ]compramos o nosso apê e nos atolamos em conta com a obra e agora, quando ouço uma amiga, num dia de sol me fazer o grande favor de me lembrar de tudo isso.
E como a gente é injusto....queremos um FINAL feliz, mas não existe final, existe a continuidade. Na vida não existe um final, nem a morte é o final, pode ser sim uma grande mudança, quem é que sabe?
Finais felizes queridos leitores simpelsmente não existem. Existem dias e momentos incrivelmente felizes, permeados as vezes por momentos difíceis (que também podem nos conduzir a um "final" feliz). E a vida é assim um espiral de eterno recomeçar.
Numa hora comendo pizza, na outra sem conseguir se concentrar na maldita bioestatistica.
Num momento no sol com os amigos, no outro enfrentando dificuldades no emprego.
Num minuto lopira, no outro morena....Agora sensivel, amanhã forte.
Todos nós passamos por tudo na vida....assim como a "Liz" do filme, assim como eu e você.
E nesse momento, chegando em casa, depois do chimas, do sol e das palavras trocadas, irei viver mais um destes finais felizes...dar um banho no meu cachorro que ficou imundo depois do passeio....Pra mim um momento delicioso, pra ele um sofrimento sem fim...heheheheh
E cada dia, fazendo terapia, tomando remédios, ouvindo os amigos, vivendo um amor e sentindo saudades (só de coisas boas!) é que vou aprendendo a não desejar mais um final feliz, mas a simpelsmente viver um dia de cada vez. Um "final feliz" por hora....com a certeza de que esse grande viajem que é a vida, nunca, mas nunca memso, se acabará!

Um grande abraço fraterno!
Paz e Luz!

Sophia